O evento de entrega de mais uma etapa do Centro de Convenções de Campina Grande, nesta quarta-feira (21), foi mais do que um ato administrativo do Governo da Paraíba. Serviu também como termômetro político para medir os movimentos internos da base governista, especialmente no que diz respeito à sucessão do governador João Azevêdo (PSB).
Em meio a discursos, fotos e anúncios, o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) consolidou, de forma bastante clara, sua estratégia de fortalecimento político. Jovem, com perfil técnico, mas cada vez mais confortável no campo político, Lucas tem ampliado sua presença em agendas institucionais, sobretudo no interior, e começa a ser visto não apenas como coadjuvante, mas como um dos principais atores do processo sucessório de 2026.
Leitura dos bastidores
Nos bastidores, é perceptível que a presença constante de Lucas Ribeiro ao lado do governador e sua participação ativa nos principais eventos do estado não são movimentos aleatórios. Há um planejamento político em curso, com foco na construção de uma imagem que une juventude, renovação e capacidade de gestão.
Ao reforçar sua origem campinense durante o evento, Lucas sinaliza não só sua ligação pessoal com a cidade, mas também tenta preencher um vácuo político que há anos existe em Campina Grande, especialmente no campo governista. Tradicionalmente dominada por grupos de oposição ao governo estadual, a Rainha da Borborema pode, pela primeira vez em décadas, ter um nome competitivo oriundo da base estadual na disputa pelo Palácio da Redenção.
O fator João Azevêdo
Outro aspecto que pesa nessa equação é o papel do próprio governador João Azevêdo. Embora ainda mantenha discrição sobre o processo sucessório, Azevêdo tem dado sinais, diretos e indiretos, de que vê em Lucas um possível sucessor natural. A relação de confiança entre ambos é pública, e o vice tem sido escalado frequentemente para representar o governo em agendas estratégicas.
Desafios no caminho
Apesar dos avanços, o caminho de Lucas Ribeiro não está livre de desafios. Dentro da própria base, outros nomes podem emergir, seja de partidos aliados, seja de quadros mais experientes, que busquem protagonismo na disputa. Além disso, o desafio de ampliar sua presença política para além de Campina Grande e fortalecer sua imagem em todas as regiões do estado será determinante para a consolidação de sua candidatura.
Há também a necessidade de equilibrar o discurso técnico, que até aqui foi uma marca de sua atuação, com uma narrativa política mais robusta, capaz de dialogar com diferentes setores da sociedade paraibana, especialmente no cenário polarizado que se desenha nacionalmente.
Perspectivas
O movimento de ontem em Campina Grande foi mais um capítulo desse processo. Ao se colocar de maneira firme no evento, Lucas Ribeiro não apenas defendeu a importância do Centro de Convenções para a economia local, mas, de forma simbólica, também se posicionou como alguém pronto para ocupar espaços maiores na política paraibana.
Se conseguirá transformar essa construção em candidatura viável até 2026, dependerá de uma combinação de fatores: apoio interno, aceitação popular, articulação política e, principalmente, da capacidade de consolidar sua imagem como nome de continuidade e, ao mesmo tempo, de renovação dentro da base governista.
O relógio político já está contando.