Nas últimas horas, circulou nas redes sociais, especialmente em perfis bolsonaristas no X (antigo Twitter), uma onda de comentários grotescos comemorando a falsa notícia da morte do Papa Francisco. Além do evidente desrespeito à figura do pontífice – que, independentemente de crenças religiosas, merece respeito como ser humano –, o que mais choca é a justificativa usada por esses indivíduos: a acusação de que o Papa seria “comunista”.
A Distorção da Realidade
A narrativa de que o Papa Francisco é um “comunista” ou “marxista” não é nova, mas ganhou força em círculos extremistas, especialmente entre apoiadores fanáticos de Jair Bolsonaro. Essa acusação surge principalmente por causa de suas posições em defesa dos pobres, da justiça social e da preservação ambiental, temas que, para alguns, são automaticamente associados a uma “agenda esquerdista”.
O Papa, seguindo a tradição da Doutrina Social da Igreja, critica o capitalismo selvagem e a cultura do descarte, que marginaliza os mais vulneráveis. Isso, no entanto, está longe de ser uma defesa do comunismo. Francisco é um religioso que prega a fraternidade e a misericórdia, princípios centrais do cristianismo.

A Hipocrisia do Ódio
É irônico que muitos dos que hoje atacam o Papa, alegando defender “valores cristãos”, sejam os mesmos que celebraram sua suposta morte com mensagens de ódio. Onde está o “amor ao próximo” que tanto dizem professar? Onde está o respeito à vida, bandeira que muitos deles erguem apenas quando conveniente?
Além disso, a disseminação de notícias falsas sobre a morte de uma figura pública é um ato cruel e irresponsável, que revela o nível de degradação do debate nas redes sociais. Em vez de discussões racionais, prevalece o fanatismo cego, onde qualquer um que pense diferente é visto como inimigo.
Esses episódios mostram como a polarização política e a desinformação podem levar a comportamentos absurdos e desumanos. Quando a política se transforma em uma guerra tribal, onde o adversário não é apenas alguém com opiniões diferentes, mas um mal a ser exterminado, a sociedade entra em um caminho perigoso.
O Papa Francisco, como líder espiritual de 1,3 bilhão de católicos, merece respeito, mesmo daqueles que discordam dele. Celebrar a morte de qualquer pessoa – muito menos de um religioso que prega a paz – é um sintoma de falta de empatia e extremismo.
Em um mundo onde as redes sociais muitas vezes amplificam o ódio e a ignorância, é preciso lembrar que debater ideias não significa desumanizar o outro. Ataques como esses não contribuem para a democracia, apenas alimentam a intolerância.
Independentemente de credo ou posição política, a morte nunca deve ser motivo de comemoração. E quem verdadeiramente defende valores cristãos deveria saber disso melhor do que ninguém.
