O calendário marca 1º de maio, mas não é apenas mais um feriado, nem apenas o Dia do Trabalhador. Para os que viveram os anos dourados da Fórmula 1 — ou para os que ouviram as histórias sussurradas como lendas —, essa data tem um nome próprio: Ayrton Senna da Silva.

Há quem diga que o tempo cura tudo, mas há dores que não pedem cura, pedem respeito. A morte de Senna, naquele domingo de 1994, não foi apenas a perda de um atleta. Foi o adeus a um símbolo, um herói nacional que vestia capacete amarelo e carregava nas costas um país inteiro — não o peso, mas o orgulho de ser brasileiro.

Era manhã em Ímola, e o sol teimava em brilhar, indiferente à tragédia prestes a acontecer. O carro azul e branco da Williams cortava o ar, mas o destino já estava traçado na curva Tamburello. Houve um silêncio estranho naquele momento. O mundo parou — não só o motor do carro.

Ayrton morreu na pista como viveu: tentando ser o mais rápido, o mais técnico, o mais perfeito. Mas sua grandeza ia além do cronômetro. Era nos olhos úmidos ao ouvir o hino, nas visitas discretas a hospitais, na espiritualidade sincera que carregava entre corridas e orações.

Hoje, 31 anos depois, ainda é difícil falar dele no passado. Senna não envelheceu, não perdeu corridas, não virou comentarista nem lenda esquecida. Ele permanece em suspenso, como as imagens em câmera lenta daquele capacete amarelo cruzando a pista molhada de Mônaco, como os domingos de manhã em que famílias inteiras acordavam só para vê-lo largar.

O Brasil mudou, a Fórmula 1 mudou. Mas no coração dos que se emocionam com a velocidade e com a verdade dos gestos, Senna ainda corre. Corre nos autódromos da memória, onde a Tamburello nunca existiu. Corre nos sonhos de crianças que nem o viram pilotar, mas sabem que ali, naquela curva, nasceu uma eternidade.

Uma resposta

  1. Concordo em número e grau Fábio! Foi naquele dia que o brasileiro perdeu um pouco de sua identidade, não só esportiva, o Airton era um ídolo irreparável, exemplo e orgulho para nós.
    Até hoje eu não assisto mais a fórmula 1, perdi totalmente o interesse, e sei que muitos brasileiros fizeram o mesmo, tentei pouco tempo depois, com Barrichelo e Felipe Massa, mas não era a mesma coisa, infelizmente me parece que na vida, algumas coisas boas agente vai perdendo, dando passagem a outras coisas, o tempo passa e só fica as lembranças de quem um dia, juntamente com o Pelé, foram nossa referência de luta e determinação.
    Grande abraço e espero que novos exemplos apareçam.
    Sds,
    Nyellisson

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