O Papa Francisco tem sido alvo de ataques cada vez mais agressivos por parte de setores da extrema direita, que o acusam de promover uma agenda “comunista” e de se distanciar dos valores tradicionais da Igreja Católica. Essas críticas, no entanto, vão além de uma mera divergência teológica ou política: elas refletem um fenômeno global de ascensão da extrema direita, que tem utilizado discursos polarizadores e radicais para ganhar espaço no poder. Esse cenário é particularmente preocupante quando observamos a falta de respeito e empatia demonstrada por esses grupos em relação ao Papa, especialmente em um momento em que sua saúde está fragilizada.
Os ataques ao Papa Francisco têm se intensificado nos últimos anos, especialmente em países onde a extrema direita ganhou força. Um dos exemplos mais claros vem dos Estados Unidos, onde figuras como Steve Bannon, ex-estrategista-chefe de Donald Trump, têm sido vocalmente críticas do pontífice. Bannon já chamou Francisco de “Papa marxista” e acusou-o de minar os valores ocidentais ao defender migrantes e criticar o capitalismo desenfreado. Essas acusações, no entanto, ignoram o fato de que o Papa está simplesmente seguindo os ensinamentos cristãos de cuidado com os pobres e os marginalizados, algo que sempre fez parte da doutrina social da Igreja.
Na Europa, o Papa também tem sido alvo de críticas ferrenhas. Na Itália, por exemplo, partidos de extrema direita como a Liga Norte têm se posicionado contra suas mensagens de acolhimento aos refugiados. Matteo Salvini, líder do partido, já declarou publicamente que o Papa “não entende nada de política” e que suas posições são “ingênuas”. Na Polônia, país profundamente católico, setores conservadores da Igreja e políticos de extrema direita têm criticado Francisco por sua abordagem mais inclusiva em relação a temas como a migração e a ecologia, acusando-o de “destruir a tradição católica”.
A ascensão da extrema direita em diversos países tem sido marcada por discursos de ódio, nacionalismo exacerbado e rejeição a valores universais como a solidariedade e a justiça social. Nos Estados Unidos, a eleição de Donald Trump em 2016 representou um marco nesse processo. Trump não apenas adotou um discurso anti-imigração e xenófobo, mas também buscou alianças com setores religiosos conservadores que viam no Papa Francisco uma ameaça à sua visão de mundo.
Na Europa, a extrema direita também avançou de forma significativa. Na Hungria, Viktor Orbán, primeiro-ministro do país, tem sido um dos principais críticos do Papa, acusando-o de promover uma “agenda globalista” que ameaça a soberania nacional. Orbán, que se autodenomina um defensor da “cristandade”, tem implementado políticas anti-imigração e autoritárias que contradizem diretamente os ensinamentos do Papa Francisco sobre acolhimento e solidariedade.
No Brasil, a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 também refletiu essa tendência. Bolsonaro, que se aliou a setores conservadores da Igreja Católica e a líderes evangélicos, frequentemente criticou o Papa Francisco, chamando-o de “esquerdista” e “comunista”. Essas críticas foram amplificadas por grupos de extrema direita nas redes sociais, que disseminaram fake news e discursos de ódio contra o pontífice.
O que torna esses ataques ainda mais chocantes é o fato de que o Papa Francisco tem enfrentado problemas de saúde nos últimos anos. Em 2021, ele passou por uma cirurgia no cólon e, desde então, tem lidado com dores crônicas no joelho, que limitam sua mobilidade. Apesar disso, Francisco continua a cumprir sua agenda com dedicação e compromisso. No entanto, em vez de receber empatia e respeito, ele tem sido alvo de críticas cada vez mais agressivas e desrespeitosas.
Essa falta de compaixão reflete uma tendência mais ampla de desumanização do outro, que é uma característica marcante dos movimentos de extrema direita. Ao atacar o Papa, esses grupos não estão apenas criticando suas posições políticas ou religiosas; estão tentando deslegitimar uma figura que representa valores universais de amor, misericórdia e justiça.
Os ataques ao Papa Francisco são um sintoma de um problema maior: a ascensão da extrema direita no mundo e a normalização de discursos de ódio e intolerância. Em um momento em que sua saúde está fragilizada, a falta de respeito demonstrada por seus críticos é particularmente chocante. No entanto, é importante lembrar que o Papa Francisco continua a ser uma voz poderosa em defesa dos mais vulneráveis e da “casa comum”. Sua mensagem de inclusão e solidariedade é mais necessária do que nunca em um mundo cada vez mais dividido. Cabe a todos nós resistir às forças que buscam polarizar e destruir, e defender os valores que o Papa tanto prega.