Deputado licenciado intensifica ofensiva internacional e busca pressionar o governo Trump a aplicar punições contra membros do STF e da Polícia Federal
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a Washington nesta segunda-feira (14), com o objetivo de reforçar sua campanha por sanções contra autoridades brasileiras. A nova viagem a Washington, D.C. ocorre em meio ao agravamento da crise diplomática provocada pela proposta de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump.
Eduardo articula encontros com integrantes do Departamento de Estado dos EUA e aliados da ala trumpista. O foco da agenda é solicitar o uso da Lei Magnitsky, legislação que permite ao governo norte-americano aplicar sanções individuais, como o congelamento de bens e o cancelamento de vistos, a pessoas acusadas de violações de direitos humanos ou abuso de poder.
Entre os alvos mencionados por ele estão o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, delegados da Polícia Federal e outros integrantes do Judiciário brasileiro. Em vídeos publicados nas redes sociais, Eduardo acusou o sistema de justiça do país de perseguição política, alegando que sofre ameaças de prisão caso retorne ao Brasil.
Em tom agressivo, o parlamentar afirmou que “o Brasil virou uma ditadura judicial”, classificou Moraes como “um tirano” e disse que a atuação do Judiciário é comparável à repressão em regimes autoritários da América Latina.
A ofensiva internacional coincide com o momento em que ele avalia renunciar ao mandato na Câmara dos Deputados. Licenciado desde junho, Eduardo indicou a aliados que não pretende retornar ao cargo enquanto houver risco de ser preso, e estuda permanecer nos Estados Unidos por tempo indeterminado.
A movimentação já gera reações no meio político brasileiro. Deputados da base governista cogitam apresentar representação contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara, acusando-o de ferir a soberania nacional ao solicitar a interferência de uma potência estrangeira contra instituições brasileiras.
Nos bastidores, aliados de Eduardo argumentam que ele atua em “defesa da liberdade” e que o movimento visa denunciar abusos do Judiciário perante a comunidade internacional. Há expectativa de que ele consiga se reunir nos próximos dias com figuras próximas ao ex-presidente Trump e reforçar a pressão pela aplicação imediata das sanções.
Caso os EUA acolham os pedidos, o Brasil pode viver um novo capítulo da já tensa relação com o governo republicano, que recentemente anunciou tarifas agressivas contra o agronegócio brasileiro, medida que teve forte repercussão econômica e política.