Nesta quarta-feira (6), entrou em vigor o famigerado tarifaço americano: taxas de 50% sobre 35,9% dos produtos brasileiros exportados para os EUA. Parece um número gigante, mas na prática isso corresponde a cerca de 4% das exportações brasileiras. A notícia pode até parecer um ataque econômico grave, mas vamos além da superfície para entender o que está em jogo.
Nem todos os setores serão igualmente atingidos, mas a lista inclui produtos sensíveis como café, frutas e carnes — pilares da exportação brasileira. A sobretaxa de 50% é uma pancada pesada que, inevitavelmente, será repassada na cadeia produtiva, encarecendo esses itens e fragilizando exportadores que já lidam com altos custos e desafios logísticos.
Mas a grande questão é: essa guerra tarifária feita pelos Estados Unidos é só um jogo de empurra-empurra comercial ou algo mais estratégico? Ao mirar em setores que representam fatias importantes da economia brasileira, os EUA não só protegem seus produtores, como também testam a resiliência da nossa cadeia produtiva e nossa capacidade de diversificação de mercados.
Enquanto isso, do lado brasileiro, não se vê ainda uma resposta à altura. Mais do que reclamar, o Brasil precisa de políticas claras e urgentes para ampliar mercados alternativos, reduzir dependência de poucos destinos e investir em inovação para se manter competitivo.
Esse tarifaço é um alerta: não dá para continuar refém das decisões e imposições externas sem ter uma estratégia robusta para proteger o nosso agronegócio e demais setores. Será que o governo está preparado para essa realidade de tensões comerciais permanentes, ou seguirá assistindo passivamente ao país perder espaço e renda no comércio mundial?
Tudo indica que, enquanto essas tarifas impactarem nossos produtos, quem pagará a conta final será o produtor brasileiro e, em última instância, o consumidor nacional — seja na forma de menor oferta, maior preço ou perda de empregos.
Ficar de braços cruzados não é uma opção. É hora de entender o jogo, responder com estratégia e defender o Brasil na arena global, antes que o tarifaço se torne um golpe irreversível para a nossa economia.