PF mira plano de fuga e prende aliados de Bolsonaro em nova fase da investigação do golpe

BRASÍLIA e RECIFE — Uma nova ofensiva da Polícia Federal contra o núcleo próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (13), com mandados de busca e apreensão e prisões temporárias. O principal alvo da operação foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e delator em inquéritos que investigam uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Cid foi conduzido coercitivamente para depor após a PF apreender celulares e documentos em sua residência em Brasília. Um mandado de prisão chegou a ser expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas foi revogado pouco depois — decisão que surpreendeu investigadores.

A suspeita é de que Cid planejava fugir do país utilizando um passaporte europeu. A PF apura se o ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto, também ligado ao bolsonarismo, teria atuado para viabilizar a documentação por meio de contatos com o consulado de Portugal.

Machado foi preso em Recife no início da manhã. Segundo fontes com acesso à investigação, há indícios de que o ex-ministro tenha intermediado, pessoalmente, o pedido do passaporte português junto ao consulado, em nome de Mauro Cid. O ex-ministro nega qualquer ilegalidade e afirma que tratava de questões familiares.

Fontes da PF informaram que a atuação de Machado ocorreu entre abril e maio deste ano, em meio a movimentações suspeitas de Cid, que já vinha sendo monitorado devido a supostas tentativas de obstruir a Justiça. A Procuradoria-Geral da República (PGR) também foi consultada sobre os pedidos.

Cid já havia sido preso anteriormente, em 2023 e 2024, e é um dos principais delatores no inquérito que investiga uma tentativa coordenada de ruptura institucional após a derrota de Bolsonaro nas urnas. Em sua colaboração, ele implicou militares, políticos e o próprio ex-presidente.

A nova fase da operação sinaliza uma escalada da PF para evitar fugas e aprofundar a responsabilização de aliados do ex-presidente. Os celulares apreendidos nesta sexta devem passar por perícia nos próximos dias. Cid será ouvido ainda hoje por investigadores federais.

A defesa de Bolsonaro não se pronunciou até o momento.

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