Mais uma vez, o alerta do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) chama atenção para a vulnerabilidade de João Pessoa e dezenas de cidades da Paraíba frente a chuvas intensas que podem chegar a 50 milímetros em poucas horas, acompanhadas de ventos entre 40 e 60 km/h. Até aqui, o alerta é o esperado — afinal, estamos na temporada chuvosa. O problema é que esse tipo de notificação se torna rotineira, quase um ritual, sem que a gestão pública demonstre ações concretas e efetivas para mitigar riscos e proteger a população.
Espera-se mais do que simples orientações burocráticas quando a vida e o patrimônio estão em jogo. Em um estado onde o sistema de drenagem urbana historicamente não suporta volumes elevados de água, a repetição desses alertas expõe falhas crônicas de planejamento e investimento públicos. Não basta o alerta se não houver comunicação eficiente, logística para evacuação emergencial, suporte a desabrigados e fiscalização das áreas de risco.
Além disso, a informação de ventos fortes, um fator agravante para quedas de árvores e danos nas estruturas, parece subestimada pelas autoridades locais. Há uma sensação incômoda de que as pessoas só se mobilizam quando o desastre se concretiza, não antes.
Em tempos de mudanças climáticas que ampliam a frequência e intensidade dos eventos extremos, a Paraíba — juntamente com outras regiões brasileiras — precisa urgentemente investir em infraestrutura, sistemas de alerta precoce realmente eficazes e educação comunitária para desastres naturais. Repetir alertas sem ação efetiva é um jogo perigoso com a segurança das pessoas.
João Pessoa e as demais cidades listadas no alerta do Inmet não podem continuar à mercê do acaso e da sorte diante de episódios de chuva intensa. O poder público tem a obrigação de antecipar-se e agir, não apenas informar o óbvio. O próximo alerta já está aí — resta saber se aprenderemos com ele.