Um dia após presidente em exercício da câmara federal, Altineu Côrtes (PL-RJ), falar que anistia já teria votos para ser aprovada, Hugo Motta tratou de jogar um balde de água fria nas expectativas da direita.
Fontes próximas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmaram nesta quinta-feira (27) que, no momento, não há condições de votação no plenário do projeto que prevê anistia a condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. O próprio Motta reforçou a posição, declarando:
“Eu acho que não tem clima para votar. É um erro querer levar esse debate agora ao plenário. Interdita o diálogo que está sendo feito com muita articulação entre o presidente da Câmara e os líderes partidários”, afirmou.
“O processo não foi concluído no Supremo, não é hora de empurrar isso na pauta, vai complicar, dificultar a discussão de projetos importantes para o país como a isenção do Imposto de Renda [para quem ganha até R$ 5 mil], além de outras pautas”, acrescentou.
A avaliação ocorre em meio a pressões de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que defendem a aprovação da proposta ainda na primeira quinzena de abril. Líderes do partido têm buscado apoio de outras legendas, mas, segundo interlocutores de Motta, o presidente da Câmara entende que a pauta traria desgaste desnecessário.
Além disso, há preocupação com o impacto nas relações com o governo Lula (PT), com quem Motta tem se aproximado, inclusive acompanhando o presidente em viagens internacionais. A prioridade, segundo ele, deve ser direcionada a temas de interesse econômico e social, evitando polarizações prematuras.