Na quinta-feira, 20 de novembro de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que revoga a sobretaxa de 40% sobre um grupo de produtos agrícolas brasileiros, como café, carne bovina, cacau, frutas tropicais e especiarias.
Por que Trump recuou?
Vários fatores parecem ter motivado esse recuo:
- Pressão doméstica por inflação
A Casa Branca justificou a retirada das tarifas como uma resposta à inflação nos EUA. Segundo relatos, os altos impostos sobre importados brasileiros estavam pressionando os preços para o consumidor americano, especialmente no setor de alimentos. - Negociações diplomáticas com o Brasil
No texto da ordem executiva, Trump menciona que decidiu a medida “após considerar informações e recomendações … e o andamento das negociações com o governo do Brasil”. Também houve uma conversa por telefone entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a Casa Branca. - Resultado político
A retirada tem efeito retroativo a 13 de novembro, e há previsão de reembolso para taxas já pagas. Além disso, essa medida pode ser encarada como uma estratégia política para “mostrar resultados” antes de eleições nos EUA, já que o alívio nos preços seria bem recebido pelo eleitorado.
A postura firme do governo brasileiro
Enquanto Trump alternava entre sanções e recuos, o governo brasileiro manteve uma posição coerente e inabalável:
- O presidente Lula comemorou a decisão. Para ele, a redução das tarifas é fruto de diálogo, diplomacia e do bom senso.
- Desde o anúncio inicial das tarifas, o Brasil vinha reagindo institucionalmente, sem ceder à chantagem. O governo brasileiro deixou claro que não negociaria a retirada das taxas por pressão política, mas via no diálogo uma via legítima para buscar os interesses nacionais.
Em outras palavras: o Brasil não recuou em suas convicções nem negociou por “chantagem”; manteve firmeza e buscou a solução diplomática, reforçando sua soberania.
Uma derrota para lideranças bolsonaristas — e especialmente para
Eduardo Bolsonaro
A retirada das tarifas representa uma derrota política explícita para setores bolsonaristas que tratavam a sobretaxa de 40% como arma de pressão contra o governo brasileiro. Entre essas vozes, nenhuma se destacou mais do que Eduardo Bolsonaro.
Eduardo foi um dos principais entusiastas das sanções impostas por Trump. Em julho, ele chegou a afirmar publicamente que “não haverá recuo” por parte dos Estados Unidos, apostando que as tarifas permaneceriam como forma de constranger o governo Lula e tensionar a relação bilateral.
Com o anúncio de Trump, contudo, sua narrativa desmoronou de forma constrangedora. A posição de Eduardo Bolsonaro se mostrou não apenas equivocada, mas politicamente desastrosa: ele tentou minimizar o papel da diplomacia brasileira na reversão das taxas e, numa reação considerada por analistas como patética, disse que a decisão de Trump “não teve mérito do Itamaraty”, e sim de pressões internas americanas — como se isso amenizasse o fato de que todo o discurso que ele próprio vendeu ao público se provou falso.
Na prática, o recuo de Trump evidenciou que a “estratégia” de Eduardo Bolsonaro — que via as tarifas como instrumento de chantagem para ajudar Jair Bolsonaro a escapar de suas condenações — era não só ilusória, mas profundamente antinacional, pois torcia contra exportadores e produtores brasileiros para servir a um projeto familiar.
Esse episódio deixa claro o isolamento político do bolsonarismo radical no cenário internacional e expõe a fragilidade das narrativas construídas por Eduardo Bolsonaro, que sai desse episódio desmoralizado e desacreditado.





























