Hugo Motta leva à Corregedoria denúncias de obstrução na Câmara

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, resolveu agir contra a oposição depois da obstrução que emperrou o plenário nos dias 5 e 6 de agosto. Ele enviou à Corregedoria da Casa as denúncias contra esses deputados, numa clara demonstração de que o endurecimento na dinâmica da Casa vai para além da retórica — tem ação prática que pode levar até ao afastamento dos parlamentares bloqueadores.

É difícil não ver nessa medida uma resposta estratégica e, em certos aspectos, autoritária, que limita o espaço da oposição de atuar em plenário. Afinal, obstruir pode ser visto como uma ferramenta política legítima de minorias para pressionar ou provocar o debate, especialmente num cenário de tensões políticas acentuadas.

Ao enviar as denúncias à Corregedoria, Motta coloca o dedo na ferida da governabilidade da Câmara, onde o embate entre governo e oposição tem escalado para além do confronto verbal, chegando a ameaçar o funcionamento correto do Legislativo. Mas a pergunta que fica é: até que ponto essa medida de punir a oposição realmente resolve o problema, e não apenas reforça a polarização que já paralisou tantas votações importantes?

Além disso, é preciso lembrar que o endurecimento do presidente da Câmara pode abrir um precedente perigoso. Se silenciar a oposição pela via de denúncias e possíveis afastamentos, diminuirá o pluralismo e a representatividade no plenário — pilares básicos da democracia.

Sendo assim, o que temos aqui é mais um capítulo da crise institucional em que o país parece afundar dia após dia, com protagonistas que parecem preferir jogar com a regra do vale-tudo em vez de buscar soluções políticas que preservem o debate e o equilíbrio de poderes.

Fica a expectativa de como a Corregedoria vai atuar e qual será o efeito disso em uma Câmara já combalida pelas disputas internas. Motta pode estar ganhando uma batalha estratégica, mas a longo prazo, a guerra pelo controle e legitimidade do Parlamento segue aberta e cheia de riscos para a democracia.

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