Na noite de 6 de agosto de 2025, após cerca de 30 horas de obstrução, parlamentares da ala bolsonarista ocuparam a Mesa Diretora da Câmara e o plenário, protestando contra a prisão domiciliar concedida ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre as exigências do grupo estavam a pauta para anistia geral dos condenados por envolvimento nos ataques de 8 de janeiro, o fim do foro privilegiado e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes (STF) .
Em resposta, Hugo Motta convocou uma sessão presencial para as 20h30, ameaçando suspender por seis meses qualquer deputado que mantivesse a ocupação . Embora o início tenha sido adiado para por volta das 22h00–22h30, Motta acabou retornando à Mesa com apoio da Polícia Legislativa e o respaldo de líderes partidários .
Em seu breve discurso, ele criticou a obstrução e defendeu o respeito ao regimento interno da Casa, bem como a soberania do plenário e a independência da atuação legislativa .
O papel de Arthur Lira como interlocutor
Embora o movimento tenha sido travado por Hugo Motta, parte das lideranças da ala bolsonarista só acatou ceder após mediação direta de Arthur Lira, ex-presidente da Câmara. Lira ajudou a costurar um entendimento político para permitir que Motta retomasse a Mesa diante da pressão .
Perspectivas e repercussões políticas
1. A oposição bolsonarista
A ala oposicionista afirma ter negociado uma costura política que inclua no futuro a pauta da anistia e do fim do foro privilegiado – prometendo permanecer no plenário até que estes itens sejam pautados . Líderes do PL sinalizaram que a tramitação da pauta “começa na próxima semana” .
2. Avaliação do desempenho de Hugo Motta
Alguns parlamentares interpretaram a condução de Motta como um sinal de fragilidade. A presença de Lira e de líderes do centrão foi decisiva para resolver o impasse – o que, para eles, reforça a noção de que o presidente da Câmara teve dificuldades em gerir o conflito de maneira autônoma .
3. Uma liderança gradual e moderada
Outros observadores viram no comportamento de Hugo Motta uma postura equilibrada e moderada. Ele evitou confrontos tonais — sem elevar a voz, usou o diálogo e preserveu a institucionalidade, sem retaliações extremas. Sua fala de fechamento da sessão enfatizou o respeito à Mesa e ao Parlamento, com foco em diálogo contínuo
Conclusão
O evento de 6 de agosto de 2025 na Câmara dos Deputados foi um momento de elevada tensão, marcado por ocupação e obstrução por parte da ala bolsonarista. Hugo Motta, apesar das pressões, conduziu a retomada da sessão com moderada firmeza e apelo ao diálogo institucional. A intervenção de Arthur Lira foi crucial para garantir a recomposição da liderança formal da Casa. No fim, a oposição alegou vitória tática ao afirmar que conquistou o compromisso de pautar temas como a anistia e o fim do foro privilegiado.
No entanto, não há qualquer garantia formal de que tais pautas serão efetivamente levadas à votação. O que se tem, a preço de hoje, é uma construção narrativa da oposição, que tenta apresentar o recuo como parte de uma suposta conquista política. Do ponto de vista regimental e político, o que se viu foi um movimento claramente derrotado em sua tentativa de forçar a Câmara a funcionar sob sua pressão. Hugo Motta, ao retomar os trabalhos sem recorrer à força ou autoritarismo, demonstrou ter consolidando sua autoridade e soube manter a estabilidade institucional — o que, no atual cenário, é uma vitória em si.