Senador Efraim Filho, do União Brasil, não poupou críticas à decisão do ministro Alexandre de Moraes de impor prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em pleno auge do debate político, essa medida, que inclui uso de tornozeleira eletrônica e outras restrições, foi classificada pelo senador como “desproporcional”. Mas é preciso ir além do discurso fácil. Será que, em meio a um cenário de ameaças e instabilidade institucional – evidenciado por investigações sobre planos golpistas e discursos que inflamam tensões –, a cautela do STF não é justamente o que o país precisa para evitar um colapso maior?
Ao contestar a decisão, Efraim Filho parece ignorar o contexto delicado em que o Judiciário atua. Não falamos de medidas arbitrárias, mas de respostas a evidências concretas que apontam para o risco de repetição de atos que abalam as bases da democracia. Moraes não age por capricho, mas sim respaldado por elementos colhidos em investigações que, infelizmente, denunciam a persistência de ameaças no entorno do ex-presidente.
Chamar a prisão domiciliar de “desproporcional” soa mais como um gesto político calculado do que uma crítica fundamentada. Afinal, o país não pode se dar ao luxo de subestimar o perigo representado por discursos e condutas que fomentam o extremismo. A Justiça precisa agir e impor limites claros – isso não é arbitrariedade, é responsabilidade.
Se o debate público segue polarizado, é justamente por falta de coragem em enfrentar esses desafios com a seriedade que exigem. Aliás, é irônico que setores do Congresso e da política se mostrem indignados com medidas que justamente tentam preservar a ordem democrática, ao mesmo tempo que relativizam ou minimizam episódios que põem em risco o estado de direito.
O momento exige menos retórica e mais firmeza. A prisão domiciliar pode não ser confortável para alguns, mas brota do imperativo de garantir a estabilidade do país. Criticar Moraes sem reconhecer o peso das evidências e o contexto só direciona para uma percepção distorcida, que favorece mais o caos do que o diálogo construtivo. No final, quem paga o preço dessa desproporcionalidade não é a Justiça, mas toda a sociedade brasileira.