A decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil a partir de 1º de agosto provocou forte reação entre entidades do agronegócio brasileiro. Representantes do setor classificaram a medida como política e desproporcional, alegando que não há justificativas econômicas ou técnicas que sustentem o aumento tarifário.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) afirmam que os produtores nacionais estão sendo “injustamente afetados” e alertam para os prejuízos bilaterais. Produtos como café, carnes, sucos e celulose estão entre os mais impactados.
Um dos casos mais graves é o do suco de laranja, cuja tributação total pode ultrapassar 500% com a nova tarifa. Segundo a CitrusBR, o aumento inviabilizaria a continuidade das exportações para o mercado norte-americano, que é um dos principais destinos do produto.
Além dos prejuízos para o Brasil, as entidades alertam que a medida também afetará o consumidor americano, que poderá enfrentar preços mais altos em itens básicos da alimentação. Para especialistas do setor, a decisão dos EUA pode desorganizar cadeias produtivas e comprometer relações comerciais consolidadas.
Diante do cenário, representantes do agro defendem uma saída diplomática urgente e têm pressionado o governo brasileiro a buscar canais de negociação com Washington. Ao mesmo tempo, o Planalto já anunciou a convocação de um comitê emergencial e avalia medidas de retaliação com base na chamada Lei da Reciprocidade Econômica.
Nos bastidores, a movimentação tem sido intensa. Integrantes do governo e do Congresso Nacional discutem alternativas para responder à medida, com foco em evitar a escalada da crise. Há também sugestões de ações criativas, como a revisão de patentes, licenças e acordos comerciais com empresas norte-americanas em setores estratégicos.
O pano de fundo da medida envolve um contexto político sensível. O ex-presidente Donald Trump, novamente à frente do governo dos EUA, já havia manifestado descontentamento com decisões do Judiciário brasileiro contra seu aliado Jair Bolsonaro. A escalada tarifária, segundo observadores internacionais, seria uma resposta indireta a esse cenário, somada a críticas sobre o ambiente digital e a liberdade de expressão no Brasil.
Mesmo com o clima tenso, o setor do agronegócio mantém a esperança de que a crise seja resolvida antes de a nova tarifa entrar em vigor. A avaliação geral é de que uma solução diplomática ainda é possível — e preferível para ambas as nações.