O Palácio do Planalto decidiu adotar uma estratégia de distanciamento diante da proposta que amplia o número de cadeiras na Câmara dos Deputados. A medida, que eleva o total de parlamentares de 513 para 531, não será sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pretende deixar que o próprio Congresso promulgue a norma. A decisão transfere a responsabilidade política integral para o Legislativo, em um momento de forte resistência popular à ampliação.
A leitura no núcleo do governo é de que a sanção poderia comprometer ainda mais a imagem do Executivo, especialmente diante do cenário econômico delicado e da necessidade de manter popularidade em alta com vistas às eleições municipais. Pesquisas internas têm indicado rejeição expressiva à proposta, o que pesou diretamente na construção da resposta institucional.
Com isso, Lula sinaliza que não endossará formalmente a mudança, mas tampouco deverá vetá-la. A expectativa é que o projeto seja promulgado diretamente pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, como prevê o rito constitucional nos casos em que não há manifestação do chefe do Executivo dentro do prazo legal de 15 dias úteis.
Nos bastidores, a decisão tem sido interpretada como uma manobra política que evita um confronto direto com a base aliada no Congresso, ao mesmo tempo em que tenta preservar o governo do desgaste junto à opinião pública. Membros da equipe presidencial afirmam que, diante do risco de derrota em eventual derrubada de veto, o silêncio institucional é uma saída mais eficaz e menos conflituosa.
A ampliação do número de deputados é justificada, por seus defensores, como uma atualização necessária à representação proporcional entre os estados, com base nos dados mais recentes do Censo. No entanto, críticos apontam que o aumento geraria custos adicionais e reforçaria a percepção de distanciamento entre a classe política e os interesses da sociedade.
O prazo para manifestação presidencial se encerra no próximo dia 16. Caso a decisão de omissão se confirme, caberá ao Congresso assumir o protagonismo definitivo na oficialização da medida.