Corrida pelo Governo da Paraíba em 2026 movimenta os bastidores juninos e palco vira palanque.

Faltando mais de um ano para as eleições estaduais, a disputa pelo comando do Palácio da Redenção já mobiliza os principais nomes da política paraibana. E, como manda a tradição do estado, os movimentos estão sendo feitos à base de forró, fogueira e acordos de bastidores em meio ao circuito junino que agita a Paraíba.

O atual governador João Azevêdo (PSB) dá sinais consistentes de que deve disputar uma vaga ao Senado, deixando a cadeira aberta para sua sucessão. Com isso, a base governista se vê diante de um xadrez interno cada vez mais apertado, enquanto a oposição também se articula com nomes de peso.

Lucas Ribeiro: o sucessor natural da máquina

Vice-governador, Lucas Ribeiro (PP) aparece como o herdeiro natural da gestão João Azevêdo. Jovem e discreto, Lucas tem apostado em uma presença constante ao lado do governador, consolidando imagem de continuidade e fidelidade. Caso João oficialize sua candidatura ao Senado, Lucas assume o governo e, com isso, ganha estrutura, visibilidade e poder de articulação. Com agenda intensa pelo interior, Lucas tem feito o “dever de casa” e marcado presença em diversas festas juninas, dialogando com prefeitos e consolidando apoios locais.

Cícero Lucena: a força da capital e a maturidade política

Prefeito de João Pessoa e político experiente, Cícero Lucena (PP) é outro nome de peso dentro do campo governista. Com boa aprovação na capital e excelente capacidade administrativa, Cícero representa uma opção segura para setores mais conservadores da base. Sua movimentação nas festas juninas pelo interior tem sido estratégica, posicionando-se como alguém com dimensão estadual. O desafio de Cícero será convencer a base de que uma candidatura a governador não enfraqueceria a gestão da capital — e que sua força se estende além da orla pessoense.

Adriano Galdino: o articulador de bastidores que ganhou as ruas

Presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos) é, talvez, o nome que há mais tempo se coloca como pré-candidato ao Governo da Paraíba. Sua lealdade histórica ao governador João Azevêdo e sua habilidade de articulação interna lhe garantem trânsito livre na base. Galdino tem a seu favor o apoio de Hugo Motta, presidente do Republicanos nacional e forte em Brasília. No circuito junino, Adriano tem sido presença notável: circulou pela sua região (Poçinhos e Campina Grande), mas teve especial destaque em Patos, cidade-base de Hugo e palco de uma das maiores festas do estado. Seu desafio será converter capital político interno em apoio popular amplo, e encontrar espaço num campo governista já pressionado por nomes fortes.

Efraim Filho: oposição com discurso consolidado

Senador da República, Efraim Filho (União Brasil) representa uma das candidaturas mais estruturadas da oposição. Jovem, com mandato ativo em Brasília e bom trânsito entre prefeitos, Efraim já caiu na estrada há meses. Tem feito campanha de corpo presente em dezenas de cidades paraibanas, especialmente durante o São João. Com um discurso liberal e voltado à modernização do estado, Efraim tenta capturar o eleitorado insatisfeito com a gestão João Azevêdo e posicionar-se como alternativa viável para o campo de centro-direita.

Pedro Cunha Lima: capital eleitoral, mas ausência midiática

Ex-deputado federal e ex-candidato ao governo em 2022, Pedro Cunha Lima (PSDB) ainda guarda capital eleitoral relevante: mais de 1 milhão de votos, mesmo na derrota. No entanto, neste momento, Pedro tem adotado postura mais reservada. Sua ausência em agendas festivas e nas redes sociais durante o período junino tem chamado atenção. Essa escolha pode ser estratégica — guardando forças para mais adiante —, mas também pode sinalizar hesitação ou dificuldades internas.

Bruno Cunha Lima: a vitrine de Campina como plataforma estadual

Prefeito reeleito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD) aparece bem posicionado em pesquisas internas e goza de boa popularidade. Em meio ao maior São João do mundo, Bruno aproveita a vitrine que a cidade oferece para ganhar projeção estadual. Ele busca se firmar como candidato viável fora do eixo da capital, com forte apelo no interior e no eleitor conservador. Se a oposição se fragmentar, Bruno pode emergir como nome de consenso fora do campo governista.

Conclusão: o São João como termômetro político

As festas juninas de 2025 têm funcionado como um ensaio geral para 2026. Com o governador João Azevêdo cada vez mais próximo de disputar o Senado, a base governista vive um cenário de disputa entre herdeiros legítimos e líderes tradicionais. Lucas Ribeiro, Cícero Lucena e Adriano Galdino representam três vias distintas, com forças e estilos próprios. Do outro lado, Efraim Filho acelera, Bruno Cunha Lima se mostra articulado e Pedro Cunha Lima observa em silêncio. A eleição está longe, mas a fogueira já foi acesa. E, na política paraibana, quem chega cedo demais pode queimar lenha — mas quem chega tarde, corre o risco de não encontrar mais lugar ao redor do fogo.

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